Desde 2020, airbags defeituosos instalados em milhões de carros têm sido responsáveis por acidentes fatais no Brasil. O componente, fabricado pela empresa japonesa Takata, foi instalado em veículos de 17 montadoras entre os anos de 2001 e 2018. Apesar dos riscos, quase 2,5 milhões de veículos ainda circulam com o problema sem reparo, expondo os motoristas a possíveis falhas fatais.
O defeito nos airbags envolve o uso de um composto químico chamado nitrato de amônio. Com o tempo e a exposição ao calor e umidade, esse composto pode se tornar altamente instável, levando a explosões durante o acionamento do airbag. Quando isso ocorre, fragmentos metálicos da estrutura do airbag são lançados em alta velocidade dentro do carro, atingindo os ocupantes.
Casos de morte relacionados ao defeito foram registrados em diversas partes do Brasil. Em abril de 2024, Cléber Moreira, um marceneiro de São Paulo, morreu após uma colisão de baixa velocidade. O airbag do seu veículo foi acionado, e fragmentos metálicos perfuraram seu tórax, causando a morte instantânea. Inicialmente, as autoridades acreditaram se tratar de um homicídio, mas a perícia confirmou que a causa foi a explosão do airbag. Um caso semelhante ocorreu no Ceará em 2022, quando um homem de 38 anos morreu com uma perfuração no pescoço após um acidente.
Especialistas em trânsito afirmam que, em condições normais, é improvável que um motorista morra em colisões de baixa velocidade se estiver usando o cinto de segurança. No entanto, com airbags defeituosos, mesmo impactos leves podem ter consequências graves. Em muitos casos, as vítimas estavam dirigindo a velocidades inferiores a 30 km/h, o que reforça a gravidade do problema.
A empresa Takata foi considerada culpada nos Estados Unidos, onde mais de 20 milhões de carros com airbags defeituosos foram vendidos. A companhia declarou falência em 2017, após enfrentar uma série de processos e ser multada em mais de 1 bilhão de dólares pelas autoridades norte-americanas. Apesar do recall global de milhões de veículos, a reparação dos airbags defeituosos avança lentamente, especialmente no Brasil, onde apenas metade dos veículos convocados foi consertada.
Para ajudar os proprietários a verificar se seus carros precisam de reparo, a Secretaria Nacional de Trânsito disponibiliza uma ferramenta online. Ao acessar o site, os motoristas podem inserir o número do chassi ou da placa para saber se o veículo está incluído no recall.
A situação no Brasil reflete um problema global, considerado o maior recall da história da indústria automobilística. No entanto, a falta de adesão ao recall por parte dos proprietários de veículos continua sendo um grande desafio para a segurança no trânsito.
Fonte: G1 e Carro.Blog.Br.