O Toyota Yaris Cross chega ao Brasil prometendo algo inédito no segmento, ser o primeiro SUV compacto híbrido flex do país e entregar consumo de até 17,9 km/l na cidade, mesmo custando perto de R$ 190.000. A proposta é clara, eficiência máxima no trânsito urbano, com tecnologia híbrida desenvolvida especificamente para o mercado brasileiro.
Após anos de expectativa e adiamentos, o Yaris Cross inicia a pré-venda em 19 de novembro de 2025, com entregas previstas apenas entre fevereiro e março de 2026. Desde o início, a Toyota deixa evidente que o modelo não quer disputar espaço com SUVs compactos mais acessíveis. O posicionamento é acima do esperado, tanto em preço quanto em proposta, mirando rivais como HR-V, Taos, Compass e até o Corolla Cross.

A gama é composta por quatro versões, com preços entre R$ 161.390 e R$ 189.990. As versões híbridas, que concentram o principal apelo do modelo, começam em R$ 172.390 e chegam a R$ 189.990. Mesmo assim, o Yaris Cross não assume o posto de híbrido mais barato do Brasil, posição que segue com o Omoda 5 HEV.

Visualmente, o Yaris Cross adota um estilo discreto, alinhado ao padrão global da Toyota. Faróis e lanternas de LED têm desenho horizontal, a grade frontal hexagonal recebe acabamento em preto brilhante e as rodas variam entre 17 e 18 polegadas, dependendo da versão. As proporções chamam atenção, são 4,31 metros de comprimento, apenas 15 cm a menos que um Corolla Cross, com entre-eixos de 2,62 m, o que ajuda a explicar o bom espaço interno.
A grande novidade está sob o capô das versões híbridas. O sistema combina um motor 1.5 aspirado flex, que passa a entregar 91 cv, com dois motores elétricos. Um atua como gerador e o outro é responsável pela tração. A potência combinada é de 111 cv, número modesto para um SUV desse porte e preço, mas coerente com a proposta de eficiência. A bateria tem 0,76 kWh, não permite recarga externa e segue o mesmo conceito já visto em Corolla e Corolla Cross.

A Toyota evita divulgar dados de aceleração ou velocidade máxima, sinalizando que o foco do Yaris Cross não é desempenho. Em contrapartida, os números de consumo são tratados como destaque. Segundo medições oficiais do Inmetro, a versão híbrida alcança 17,9 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada. Já as versões apenas a combustão registram 12,6 km/l no uso urbano e 15,3 km/l no rodoviário.
Por dentro, o Yaris Cross tenta se afastar da imagem de simplicidade associada ao Yaris hatch. As portas dianteiras recebem material emborrachado, há iluminação ambiente e uma faixa central do painel com revestimento sintético e costura aparente. Ainda assim, o painel superior rígido e o acabamento mais simples nas portas traseiras deixam claro que houve controle de custos.

A posição de dirigir passa sensação de cockpit, com painel alto, console central robusto e todos os comandos voltados ao motorista. O quadro de instrumentos é digital, com 7 polegadas, enquanto a central multimídia tem 10 polegadas e oferece Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A decisão de manter muitos botões físicos agrada quem prioriza ergonomia e facilidade de uso no dia a dia.
No banco traseiro, o espaço atende bem dois adultos de até 1,75 m, com saídas de ar-condicionado e duas portas USB-C. Um terceiro ocupante viaja com mais limitações. O porta-malas é um dos maiores da categoria, com 400 litros nas versões a combustão e 391 litros nas híbridas, ligeiramente menor por conta da bateria.

A lista de equipamentos reforça o posicionamento mais elevado. Desde a versão XRE, o modelo traz seis airbags, controle de estabilidade, alerta de colisão com frenagem automática, piloto automático adaptativo e assistente de permanência em faixa. As versões XRX adicionam teto solar panorâmico fixo, porta-malas com abertura elétrica, câmeras 360 graus e alerta de tráfego cruzado traseiro. Nas híbridas, o modo EV permite rodar em silêncio por curtas distâncias.
No fim das contas, o Toyota Yaris Cross não tenta ser popular nem esportivo. Ele aposta em eficiência urbana, tecnologia híbrida flex e uma imagem de produto mais sofisticado, mesmo com potência contida. É um SUV que fala diretamente com quem valoriza economia de combustível e tecnologia, e aceita pagar caro por isso, mesmo em um segmento cada vez mais competitivo.