
O retorno do Honda Prelude ao Brasil não é apenas o renascimento de um nome histórico. É um movimento calculado, que revela o rumo da Honda para os próximos anos, unindo passado esportivo, tecnologia híbrida e reposicionamento institucional. O cupê chega como símbolo de uma virada estratégica que começa no Salão do Automóvel de 2025 e se estende por uma série de ações de produto e expansão que mostram uma marca mais ambiciosa, mais ampla e, sobretudo, mais alinhada ao futuro que o mercado brasileiro começa a exigir.
Ao mesmo tempo, a Honda reforça presença em segmentos-chave, reposiciona modelos, amplia rede de concessionárias e celebra resultados que mostram crescimento consistente. O Prelude entra nesse tabuleiro não como um item isolado, mas como peça central de uma narrativa que combina desejo, tecnologia e uma tentativa clara de atualizar o imaginário da marca para além do conforto tradicional que marcou sua trajetória no país.

A chegada do Prelude é a porta de entrada de uma fase em que a Honda retoma a esportividade como valor central de marca. A linha já tinha um representante evidente, o Civic Type R, que continua no Brasil com o motor 2.0 VTEC turbo de 297 cv e câmbio manual. Mas a marca sabe que a esportividade moderna não vive apenas de agressividade mecânica, e sim de eficiência, integração eletrônica e comportamento dinâmico refinado.
O Prelude assume esse papel ao adotar carroceria cupê de duas portas, proporções esportivas e uma identidade visual que marca um recomeço para a Honda. O estilo limpo, com queda de teto acentuada, conversa com as gerações clássicas, mas sem nostalgia gratuita. Ele nasce para ocupar um espaço próprio, complementando o Type R e falando com um público que deseja esportividade, mas não abre mão de tecnologia.

Aqui a Honda faz seu movimento mais ousado. O cupê utiliza o sistema e HEV com motor 2.0 ciclo Atkinson e dois motores elétricos, entregando 203 cv e torque de 32,1 kgfm. O número pode parecer discreto perto do Type R, mas o foco não é comparação de potência, e sim experiência.
O pacote deixa claro que a Honda está usando o Prelude como vitrine de uma nova interpretação de esportividade. Ele não tenta repetir o passado, e sim reinterpretar o que significa ser esportivo em um cenário onde eficiência e controle são tão importantes quanto força bruta.

Uma das escolhas mais simbólicas é o S+ Shift. Como o sistema híbrido trabalha sem engrenagens tradicionais, a Honda criou marchas virtuais acionadas pelos paddle shifters, simulando as trocas de um câmbio de dupla embreagem. A marca sabe que existe uma expectativa emocional em torno das trocas, algo que faz parte da cultura Honda desde os primeiros VTEC.
O S+ Shift não é truque de marketing. É uma tentativa real de aproximar a vivência do cupê de um esportivo clássico, preservando sensação de controle e envolvimento ao volante. É o tipo de solução que mostra atenção ao público que valoriza não apenas números, mas sensações.
O Salão do Automóvel de 2025 foi a vitrine escolhida para consolidar essa nova narrativa. A Honda foi a primeira japonesa a realizar coletiva e ocupou o espaço com intenção clara: transmitir uma mensagem de amplitude tecnológica.
Além do Prelude, o estande exibiu a carcaça de um HondaJet suspensa no teto, simbolizando a capacidade da marca de operar em diferentes frentes de mobilidade. O jato ainda realizou duas viagens institucionais partindo do Campo de Marte para as fábricas da Honda, reforçando a imagem de sofisticação e engenharia avançada.
O estande também trouxe modelos representativos do universo das motocicletas, como CBR1000RR R, Transalp e Gold Wing, reforçando o espectro esportivo e tecnológico que a marca deseja destacar.
Enquanto reforça imagem, a Honda também trabalha nos bastidores. O crescimento acumulado de 2025 deve fechar o ano em torno de 14%, impulsionado especialmente por WR V, HR V, Civic e City. O HR V atingiu 500 mil unidades produzidas e registrou seu melhor mês histórico, colocando o Brasil como líder global do SUV.
O WR V, por sua vez, ultrapassou expectativas na pré venda, com mais de 2 mil unidades reservadas, o que levou a Honda a ampliar a produção local para atender à demanda inicial.
O conjunto mostra uma estratégia mais agressiva de ocupação de mercado, transitando entre produtos de volume e modelos que reforçam leitura de marca premium.
O retorno do cupê não é um gesto isolado. Ele simboliza a nova fase da Honda, onde esportividade, eletrificação e presença institucional se misturam em um pacote único. O Prelude se torna a peça que sintetiza esse movimento: um carro que liga gerações de fãs, dialoga com novas exigências de eficiência e reforça um posicionamento mais ousado no Brasil.
Fonte: Honda.