Geely EX2 ganha força com parceria Geely Renault para produção no Brasil

A reestruturação da fábrica no Paraná une Renault e Geely, acelera eletrificação nacional e inaugura um ciclo de novos modelos feitos no Brasil.
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A confirmação da joint venture entre Renault e Geely no Brasil marca uma das maiores reorganizações industriais do setor automotivo recente. As marcas dividirão a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, para produzir carros elétricos e híbridos a partir de 2026, com investimento de 3,8 bilhões de reais. O acordo também abre caminho para a criação de novos modelos nacionais eletrificados, ampliando a presença das duas empresas no país.

A confirmação da parceria Renault Geely marca uma virada na indústria brasileira com investimento bilionário e meta de ampliar a produção local de elétricos.
A confirmação da parceria Renault Geely marca uma virada na indústria brasileira com investimento bilionário e meta de ampliar a produção local de elétricos.

A aliança prevê produção local de dois veículos da Geely já no ano que vem, além de futuras plataformas da Renault com tecnologia chinesa. O movimento reforça a estratégia de expansão das duas marcas no Brasil, que passam a dividir estrutura industrial, know how e canais de distribuição. A Geely torna se sócia minoritária da Renault do Brasil e ganha acesso imediato a capacidade produtiva e rede de concessionárias, enquanto a Renault obtém escala e acesso a tecnologias de eletrificação.

Com mudanças profundas na fábrica paranaense e metas ambiciosas, a parceria posiciona o complexo Ayrton Senna como polo estratégico de eletrificação na América Latina. A partir de 2026, os primeiros elétricos e híbridos das duas empresas passam a sair da mesma linha de montagem, preparando terreno para uma nova geração de modelos nacionais totalmente elétricos a partir de 2027.

A reestruturação industrial no Paraná

A base da operação conjunta está na fábrica de São José dos Pinhais, inaugurada em 1998 e com capacidade instalada para produzir quase 400 mil veículos ao ano. O local passará por uma pausa no fim de 2025 para adaptação completa às novas tecnologias de eletrificação. A Renault planeja dobrar a capacidade produtiva após as mudanças.

As duas empresas afirmam que a fabricação não seguirá o regime SKD, em que carros chegam pré montados do exterior. A produção será completa, com processos industriais realizados no Brasil e estrutura preparada para nacionalização gradual de componentes. O objetivo é reduzir dependências e diminuir o impacto de impostos de importação.

A decisão de compartilhar o complexo paranaense reduz tempo e investimento para a entrada plena da Geely no país. A marca chinesa evita construir uma fábrica do zero e aproveita a infraestrutura já disponível, enquanto a Renault dilui custos e ganha escala produtiva. A expectativa é de rápida expansão do volume anual, impulsionada pelos novos elétricos.

A mudança também coloca o Brasil no centro da estratégia regional da Geely. Os chineses planejam aumentar a presença na América Latina e consideram que o parque industrial brasileiro oferece condições competitivas para produção em larga escala.

Dois modelos da Geely já confirmados para produção nacional

O Geely EX2 pode inaugurar a produção elétrica conjunta de Geely e Renault no Paraná, unindo tecnologia, escala industrial e promessa de preços mais competitivos no país.
O Geely EX2 pode inaugurar a produção elétrica conjunta de Geely e Renault no Paraná, unindo tecnologia, escala industrial e promessa de preços mais competitivos no país.

A partir de 2026, dois veículos da Geely serão produzidos no Paraná. Embora os modelos ainda não tenham sido oficialmente anunciados, o compacto elétrico Geely EX2 desponta como forte candidato. O carro tornou se o elétrico mais vendido da China e acaba de estrear no Brasil como importado, indicando maior potencial de competitividade com produção local.

Outro modelo previsto é um projeto desenvolvido especificamente para o mercado brasileiro, segundo executivos chineses. Ele deve adotar características mais alinhadas ao uso urbano nacional, como foco em autonomia eficiente, preço agressivo e interior simplificado.

Tecnologia e plataforma GEA

A produção será baseada na plataforma GEA, arquitetura global da Geely para carros híbridos e elétricos. O uso dessa plataforma permitirá compartilhamento de motores, módulos de bateria, eletrônica embarcada e métodos de produção.

Entre os destaques técnicos da GEA estão modularidade, alta eficiência energética e capacidade de atender desde compactos até SUVs de maior porte. Essa base é utilizada em modelos como o EX2 e veículos mais sofisticados, incluindo o Smart número 5.

A adoção da GEA reduz custos industriais, padroniza processos e acelera o desenvolvimento de novos modelos nacionais. A estratégia também cria sinergia para futuros projetos conjuntos entre Renault e Geely na região.

Além disso, a nacionalização parcial de componentes poderá avançar conforme o volume crescer. A intenção das empresas é ampliar fornecedores locais e reduzir gradualmente a dependência de peças importadas.

Renault prepara novo ciclo de produtos

Do lado francês, a primeira novidade será a renovação de um modelo já vendido no mercado brasileiro, prevista para o segundo semestre de 2026. A aposta do setor é que o escolhido seja o Renault Duster, que deve ganhar visual atualizado, novos equipamentos e possíveis ajustes mecânicos.

A Renault também trabalha em uma nova plataforma nacional com tecnologia de eletrificação fornecida pela Geely. O lançamento do primeiro carro baseado nessa arquitetura está programado para 2027. Entre as possibilidades está uma nova geração do Kwid elétrico, com maior autonomia e acabamento aprimorado.

A Renault pretende acelerar sua transição para modelos eletrificados no Brasil, reduzindo dependência de projetos desenvolvidos na Europa. O uso da plataforma GEA ou de suas derivações aproxima os franceses de uma estratégia industrial mais adaptada aos custos e demandas locais.

A empresa também mira expansão de volume com a chegada de novas plataformas. O objetivo é elevar a produção nacional e competir com fabricantes asiáticas que já atuam com tecnologias mais recentes.

  • Renovação de modelo atual em 2026
  • Novo elétrico nacional previsto para 2027
  • Uso de tecnologia Geely para futura linha eletrificada
  • Meta de dobrar a produção nacional após modernização

O impacto estratégico e o que esperar dos próximos anos

A união entre Renault e Geely reposiciona o Brasil dentro da agenda global de eletrificação. Com investimentos robustos e planejamento conjunto, o país passa a integrar uma rota industrial estratégica, capaz de abastecer o mercado local e futuramente exportar modelos para a região.

A movimentação também pressiona rivais diretos, especialmente BYD e GWM, que chegaram recentemente ao país com foco em híbridos e elétricos. Com produção local, Renault e Geely podem oferecer preços mais competitivos e ganhar agilidade para adaptar seus veículos ao perfil brasileiro.

Para o consumidor, a expectativa é de maior variedade de modelos eletrificados, preços gradualmente mais acessíveis e tecnologia mais atual nas categorias de entrada e intermediária. A produção local reduz prazos, simplifica manutenção e estimula redes de pós venda mais estruturadas.

O ciclo que começa agora deve consolidar a fábrica de São José dos Pinhais como um dos polos mais importantes da eletrificação no país. A partir de 2026, os primeiros carros fruto da parceria começam a chegar às concessionárias e tendem a redefinir o cenário competitivo do setor.

Fonte: QuatroRodas e Uol.

Alan Correa
Alan Correa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) com foco em análises, lançamentos, testes e novidades do setor. Produzo conteúdo especializado e atualizado para o Carro.Blog.Br.